Queria fazer um filme que acompanhasse uma eleição cujos protagonistas são justamente quem está fora do processo eleitoral brasileiro: jovens, negros e negras, pobres, comunidade lgbt. É quase nula a representação destes grupos no congresso nacional. Vivemos mundialmente um processo de crise de representação democrática, e quem mais mostra isso nas urnas são os jovens: há uma desconexão do jovem com a política. O filme parte desse desejo de investigação, e assim entrei em uma escola pública para construir esse processo de eleição com os jovens. Uma tentativa de me aproximar também desses meninos e meninas que tem hoje 15, 16 anos, acreditando que a construção democrática, o ato de questionar e argumentar, e de coletivamente construir a identidade de cada um e uma luta coletiva, é importante. Acredito na escola pública, seu potencial, e na experiência da escola pública para a formação de um cidadão com reflexão crítica da sociedade. O filme propõe que a escola pública deve ser olhada com carinho. Ela tem inúmeros problemas mas o que ninguém tira dela são as pessoas, alunos e funcionários, que recriam os espaços. A escola é um microcosmos que reflete o macro, e potencializar a experiência da escola é fundamental para construir o país que queremos.

Alice Riff – Diretora