CINEMA EM CASA
O cinema de uma forma geral celebra a juventude, porque ela é mais fácil de ser vendida e porque existe uma concepção equivocada de que não existe público para filmes com personagens que passaram dos 50, 60 anos. Essas narrativas, quando bem feitas, atingem não só essa parcela comumente esquecida pelos estúdios, como também todas as gerações sedentas por novos conteúdos e novas formas de retratar temas relevantes.
Quem mais sofre essa discriminação são as mulheres (sim, sempre elas!), pois a indústria do entretenimento ainda consegue “vender” essa imagem do homem mais velho como o avô legal, o pai passando por uma crise de meia idade que compra um carro novo, ou o cara que arranja uma amante mais nova e descobre uma nova vida. Essa mesma indústria insiste em vender a imagem de mulheres maduras como as avós rabugentas, as sogras malvadas, as mães ultra zelosas, ou as senhoras abandonadas pelos maridos e filhos. Sentiu a diferença?
É óbvio que não podemos generalizar, mas os filmes e séries estão aí para todes verem como esses lugares comuns acontecem o tempo todo, e colaboram numa visão culturalmente deturpada de pessoas mais velhas. Para enaltecer todas essas mulheres que tanto insistem em invisibilizar, separamos 10 ótimos filmes com personagens femininos com mais de 50 anos que fogem um pouco dessa imagem que continuam a nos empurrar goela abaixo.
Aproveitando que essa semana foi aniversário de um dos maiores mestres do cinema, inauguramos uma nova coluna por aqui, sempre trazendo um descanso para o nosso olhar.
Na edição de hoje separamos alguns cartazes lindões dos filmes de Akira Kurosawa. Aproveite 😉
Editado em parceria com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), “Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018” reúne 27 artigos que estruturam esta produção por meio de ensaios com recortes temáticos ou focados em figuras de destaque. Do pioneirismo de Cléo de Verberena (a primeira realizadora mulher), Carmen Santos (produtora, atriz, criadora de estúdios) e Gilda Abreu (roteirista e diretora do sucesso “O ébrio”, de 1946), até diretoras em atividade como Anna Muylaert e Suzana Amaral. A edição também inclui filmografias das realizadoras perfiladas e o ‘Pequeno dicionário das cineastas brasileiras’ com mais de 250 verbetes. O prefácio salienta as dificuldades impostas às mulheres (e, em particular, mulheres negras) para ascender à qualidade de diretoras na indústria cinematográfica. Nos artigos, acompanhamos a jornada dessas mulheres que diversificaram o cinema brasileiro e o histórico de suas contribuições.
O livro foi organizado por Camila Vieira, jornalista e doutora em comunicação, e por Luiza Lusvarghi, pesquisadora de cinema e audiovisual e integrante do Coletivo Elviras (coletivo de mulheres críticas de cinema).
1.
O amor está à flor da pele. ?
Lançada há 20 anos, a obra-prima Amor à Flor da Pele chegou semana passada em cópia restaurada na MUBI.
O filme faz parte da seleção ‘Apaixonante – O cinema de Wong Kar Wai’, que conta com 7 filmes de um dos mais queridos e influentes cineastas do século, incluindo cinco novas restaurações supervisionadas pelo próprio diretor.
A seleção ainda conta com os filmes Cinzas do Passado Redux (já disponível na plataforma), Amores Expressos, Felizes Juntos, 2046: Os Segredos do Amor, The Hand e Anjos Caídos.
Para entrar no clima, separamos aqui uma playlist só com músicas de alguns filmes do diretor:
2.
Qual é a sua diretora estrangeira favorita? ?
Aproveitando que o mês da mulher está acabando, indicamos algumas obras que gostamos muito, de diretoras de todos os cantos desse mundão, para você curtir no conforto da sua casa e conhecer um pouco mais do cinema feito por elas.
Na coluna de hoje não entrevistamos ninguém, mas queremos indicar um projeto que nos saltou aos olhos e que deveria ser um exemplo para todos os estados do país.
Contemplado pelo edital Retomada Cultural RJ da Lei Aldir Blanc, o Projeto Elenco Negro é uma iniciativa da Pras Cabecas Produtora e da Reprodutora Rio, com Fabricio Boliveira, Gabriel Bortolin e tendo a rainha Zezé Motta como madrinha.
Seus objetivos estão estritamente ligados ao fortalecimento do Elenco Negro perante o mercado de trabalho e a criação de uma rede de apoio e suporte para ele.
Nesse primeiro momento apenas atores e atrizes residentes do estado do Rio de Janeiro poderão ser cadastrados e atendidos pelas ações de assistência.
Para abrir os trabalhos haverá uma live sobre representatividade e sobre as ações previstas com os idealizadores e realizadores do projeto na segunda-feira 29/03, às 19h, no instagram deles.
Quer saber como se inscrever no Cadastro Elenco Negro do Estado do Rio de Janeiro ou ter mais informações sobre essa iniciativa essencial? Clica aqui
“O filme começa povoado e vai se esvaziando em seu decorrer, até que, no fim das contas, só existem almas ali. Não há mais encontros, nem pessoas. Hoje, a cada vez que vejo o filme fico assustado com um clima que ronda ali de que algo está para acontecer. Ele carrega esses elementos, que não identificamos (no momento), mas agora talvez saibamos o que era”, ressalta o diretor Samuel Marotta.
Baixo Centro está disponível nas plataformas digitais. Assista!
“O homem é um gênio quando está sonhando.”
Boa semana, bons sonhos e cuidem-se.